a presidenta do brasil escolheu o 1º de maio, porque é um dia de celebração da resistência, para discursar ao povo brasileiro explicando claramente o que está por detrás do impeachment: a eleição indirecta para chegar ao poder. referiu quais têm sido as manobras feitas até aqui para promover o impeachment frisando a sua determinação de resistir até ao fim, trabalhando sempre em prol do povo brasileiro.
Queridos e queridas, meus queridos e minhas queridas…
Eu começo cumprimentando aqui cada mulher e cada homem que
estão aqui nesse 1º de maio, dia de luta do trabalhador e da trabalhadora.
Eu cumprimento também aqui a frente Brasil Popular, as
centrais, a CTB, a CUT, a Inter Sindical,
Cumprimento também a Frente do Povo sem Medo. Agradeço a
todos os parlamentares aqui presentes, e cumprimento o nosso prefeito de São
Paulo,
Eu queria iniciar dizendo para vocês que tem uma fala solta
por aí, que impeachment não é golpe. Impeachment está previsto sim na
Constituição, mas o que eles nunca falam é que, para ter impeachment, não basta
querer, não basta alguém achar que não gosta da presidenta, ela tem de ter
cometido crime de responsabilidade. Como eu não tenho conta no exterior, como
eu jamais utilizei recurso público em causa própria, nunca embolsei dinheiro do
povo brasileiro, não recebi propina e nunca fui acusada de corrupção, eles
tiveram que inventar um crime. Qual é o crime que eles inventaram? Como estava
difícil, muito difícil achar um crime, eles começaram dizendo que eram seis
decretos, seis decretos.
Eu em 2015 fiz seis decretos chamados de suplementação. O
Fernando Henrique Cardoso, no ano de 2001, fez 101 decretos de suplementação.
Para ele não era golpe, não era nenhum golpe nas contas públicas, para mim é
golpe nas contas públicas.
Então vejam vocês, dois pesos e duas medidas porque não tem
do que me acusar, é constrangedor. E aí, eu quero que vocês pensem comigo: ora,
se não tem base para o impeachment o que é que está havendo? Golpe. Mas além de
ser golpe, é um golpe muito especial. Não é um golpe com armas, com
tanques na rua, não é um golpe militar que nós conhecemos no passado, é um
golpe especial. Eles rasgam a Constituição do país. Mas porque eles fazem
isso? Eles fazem isso porque há 15 meses atrás eles perderam uma eleição direta.
Como eles perderam a eleição, e eles tinham um programa para
essa eleição, como perderam as eleições, eles se alinharam, inclusive, com
traidores do nosso lado, para fazer o quê? Para sob a cobertura do impeachment
fazerem uma eleição indireta. O que é que eles fazem? Eles tiram de nós o
direito de voto. Eles tiram os meus 54 milhões de votos, mas não é só isso que
eles tiram. Naquela eleição em 2014 votaram 110 milhões de brasileiros e
brasileiras, não é só os meus votos que eles praticamente roubam: são os votos
mesmo daqueles que não votaram em mim, mas acreditam na democracia e no
processo eleitoral.
Quando eles perderam as eleições, eles fizeram de tudo
para o governo não poder governar. O que ele fizeram? Primeiro eles que os
votos não tinham sido bem contados e pediram recontagem. Perderam, não deu
certo. E aí, o que eles disseram: “Ah, a urna, sabe a urna, tem erro na urna,
alguém mexeu nessa urna. Então eu quero auditoria nessa urna”. Foram e fizeram
auditoria na urna, e o que aconteceu? Perderam, as urnas estavam perfeitas.
Ainda não tinham desistido e antes de eu tomar posse
entraram no Tribunal Superior Eleitoral pedindo para que eu não fosse empossada, não tivesse meu diploma de presidente.
Aí, o que aconteceu? Tornaram a perder, as minhas contas de campanha foram
aprovadas.
Aí começou essa história do impeachment. Foram colocando
impeachment no Congresso. E lá no Congresso tinham um grande aliado, um grande
aliado que era o senhor presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Esse senhor chamado Eduardo Cunha, foi o principal agente
na história de desestabilizar o meu governo. Ele levou à frente uma
política chamada “quanto pior melhor”, como é que essa política agia?
Quanto melhor para eles, pior para o governo e pior para o povo brasileiro. Não
aprovavam nenhuma das reformas que nós propúnhamos. Não aprovavam as
necessárias, os necessários aumentos de receita para que a gente pudesse
continuar impedindo que a crise se aprofundasse. Apostaram sempre contra o povo
brasileiro. São responsáveis pelo fato da economia brasileira estar passando
por uma grave crise, são responsáveis pelo aumento do desemprego.
E aí, ele quer se ver livre do seu processo de cassação
na Câmara, e exige do governo que o governo convença o seu partido, o PT,
para dar-lhe três votos para impedir a sua cassação. Como o PT se recusou ele
nos ameaçou com o impeachment. Aliás, o próprio, o próprio autor do processo do
impeachment, ex-ministro do senhor Fernando Henrique Cardoso, chamou a fala do
Eduardo Cunha de chantagem explícita. É mais que uma chantagem, é desvio de
poder, é usar o seu cargo para garantir a sua impunidade, é isso que ele fez. E
aí, o processo do impeachment teve lugar.
E eu repito o que eles me acusam, eles não podem me acusar
de ter contas no exterior, eu repito, porque eu não tenho, não podem me acusar
de corrupção porque eu não tenho. Então eles chegam ao absurdo de me acusar de
algo em que eu não participei, mas alegam que eu devia saber, porque eu
conversava com as pessoas responsáveis. Chega a esse nível de absurdo. Mas o
que que é grave nisso? É por que é contra mim? Não. Se eles praticam isso
contra mim, o que vão praticar contra o povo trabalhador, o que vão praticar?
O que vão praticar contra as pessoas mais anônimas desse país?
Quando você rompe a democracia, você rompe para todos. Se
nós permitirmos esse golpe, nós permitiremos que a democracia seja ferida. Mas
eu quero também alertar, esse golpe não é só contra a democracia e ao meu
mandato. Ele também é contra as conquistas dos trabalhadores. E aí vocês me
permitam, eu vou ler algumas, algumas das notícias e dos textos em que eles
falam o que vai mudar no Brasil, se por acaso eles chegarem lá: eles propõem
o fim da política de valorização do salário mínimo. Essa política que garantiu
76% de aumento acima da inflação desde o governo do presidente Lula. Passando
pelo meu.
Além disso, essa política, que pela lei que nós aprovamos
logo no início do meu primeiro mandato, tem de durar até 2019, querem acabar
com ela. Querem acabar também com o reajuste dos aposentados, o reajuste dos
aposentados, desvinculando esse reajuste dessa política de salário mínimo.
Por isso, os aposentados não terão mais reajustes. Querem também transformar a
CLT em letra morta, como eles vão fazer isso? Como é que se faz isso com a CLT?
Eles propõem algo que é o seguinte: o negociado pode, pode vigir sobre a lei.
Eles propõem, na verdade, que o negociado pode ser menos que a lei. Nós
acreditamos que o negociado pode prevalecer, desde que ele seja mais do que a
lei. Há uma diferença, eles querem que seja menos, nós queremos que seja mais.
Prometem, prometem e dizem explicitamente privatizar tudo
o que for possível. Essa fala ‘tudo o que for possível’, está escrita ‘tudo
o que for possível’, qual é a primeira, a primeira a primeira vítima dessa
lista? o Pré-sal. A primeira vítima é o Pré-sal.
Além disso, há algo extremamente grave, porque nós somos um
país que ainda tem muito o que fazer, apesar de todas as conquistas na área de
educação e de saúde. Eles querem acabar com a obrigatoriedade do gasto com
saúde, e com educação. E aí, sempre que vocês virem uma palavra que as
vezes é ‘vamos focar’, ‘vamos revisitar’, ‘vamos reolhar certas políticas
sociais’, significa: vamos acabar com elas. E aí, eles estão falando em
reolhar, rever, revisitar o Pronatec, por exemplo, o Minha Casa Minha Vida.