O estudo e respectivo artigo que tem como investigadora principal a portuguesa Ana Rita Amaral, da Faculdade de Ciências de Lisboa, Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, mostra que as características únicas da Baía de Benguela, no norte do Oceano Índico, favorecem o aparecimento de novas espécies marinhas, neste caso de golfinhos. Este estudo reforça a importância das análises genéticas nas populações de golfinhos, na opinião da bióloga que acrescenta que " sem este tipo de estudos seria certamente mais difícil percebermos o quão diferentes estas populações são das populações em áreas vizinhas”.
Um novo estudo genético demonstra que as populações de duas espécies de golfinhos (Tursiops aduncus e Sousa spp.) que habitam as águas da Baía de Bengala, no Bangladesh, são diferentes do ponto de vista genético quando comparados com populações de golfinhos das mesmas espécies que vivem em áreas vizinhas.
Esta descoberta foi obtida numa colaboração entre investigadores do cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, sediado na Faculdade de Ciências; da Wildlife Conservation Society e da National Oceanic and Athmospheric Administration (NOAA), ambas dos EUA.
Através de um estudo comparativo utilizando ADN recolhido de golfinhos das espécies Tursiops aduncus e Sousa spp., e comparando com amostras já existentes em base de dados, os investigadores Ana Rita Amaral, Brian D. Smith, Rubaiyat M. Mansur, Robert L. Brownell Jr. e Howard C. Rosenbaum descobriram que as populações destas duas espécies, que habitam a Baía de Bengala, no Bangladesh, são geneticamente distintas das populações que vivem em águas vizinhas.
O artigo “Oceanographic drivers of population differentiation in Indo-Pacific bottlenose (Tursiops aduncus) and humpback (Sousa spp.) dolphins of the northern Bay of Bengal” publicado online em novembro de 2016, na “Conservation Genetics”, reforça resultados anteriores que demonstram que as características ecológicas únicas da Baía de Bengala contribuem para a evolução de novas espécies marinhas.
A Baía de Bengala, no norte do Oceano Índico, recebe a descarga do terceiro maior sistema fluvial do mundo - dos rios Ganges, Brahmaputra e Meghna - o que produz um enorme fluxo de sedimentos de água doce, ricos em nutrientes. Em águas mais profundas, o canhão submarino presente nesta região contribui ainda para o afloramento de águas ricas em nutrientes.
Sem comentários:
Enviar um comentário