em resposta ao artigo de opinião de clara ferreira alves, do passado dia 7, no expresso. esta é uma resposta porque a referida jornalista para além de anticomunista é também ignorante. artigo de vicente costa. no final deste artigo deixamos um link de artur pereira, consultor de comunicação, que escreveu no jornal i e em resposta ao mesmo artigo de clara ferreira alves.
Por dois acasos
coincidentes, um proporcionado por um amigo desde os anos 30/40 do Séc. XX, que
me chamou a atenção para o artigo de Clara Ferreira Alves (“sabes, aquela de um
programa de televisão, cabelo louro e curto”…) no Expresso; o outro acaso,
enviado por e-mail com o título “A
questão é teológica. Bem me queria parecer…”, e
reproduzindo o artigo referido, fui levado a ler com toda a atenção disponível
cada linha da argumentação e justificação que a autora ia apresentando.
Terminada a leitura, fiquei pensando se o título ou subtítulo do artigo “Anticomunista, obrigada” teria como significado
“Anticomunista, estou grata” ou se “Anticomunista, a isso obrigada”…
Pensando melhor, a
dúvida não será importante.
O que parece ser de
realçar na extensa prosa, é a preocupação em salientar a enorme capacidade e
facilidade na escrita da própria autora, não se poupando a recorrer a nomes de
retumbante estridulência nas artes e letras nacionais para demonstrar que os
seus conhecimentos e sabedorias são vastos.
O que me leva, desde
logo a pensar que, para além dos anticomunistas primários, seguidos por já
raros anticomunistas secundários, existe ainda uma outra categoria de
anticomunistas que se desconhecia: os universitários. Bem sabemos todos,
comunistas ou não comunistas, que sempre surgem no panorama partidário e até
mesmo no governamental, uns quantos, não poucos, universitários com diplomas
alcançados a ferros, melhor dizendo, a ouro. Mas esses, sendo anticomunistas,
não poderão entrar na categoria de universitários. Possivelmente lá teremos de
incluir mais uma categoria nos anticomunistas: os fraude-universitários. Não é
esse o caso de Clara Ferreira Alves, claro.
O que reforça
naturalmente o número de anticomunistas que pelo país se esforçam, desde há
cerca de 100 anos fazer desaparecer, sem que o consigam, a “fonte de todos os
males”.
O que me faz regressar
a Clara Ferreira Alves, a incansável anticomunista autora do artigo e que mais
não faz do que tentar continuar uma luta inglória que se desenvolve por esse
mundo fora.
Permito-me, já que a
autora também o fez (bem sei que Clara Ferreira Alves é jornalista, escritora,
doutora em Direito e eu sou apenas o Zé…) fazer um regresso à minha vida, designadamente
aos anos Setenta do Século passado. Mas de forma bem reduzida. Antes, no
entanto, um pormenor que considero da maior importância: quando tinha três,
quatro anos, meu Pai, em resposta a um amigo que lhe perguntara por que razão
não baptizava o filho, disse-lhe simplesmente: ”Não se importe. Quando chegar o
momento de escolher, ele decidirá.” Sábias palavras!
E assim, depois de uma
vida vivida em plena ditadura sem que desse por isso, já que a vida decorria
sem preocupações, dei comigo nos anos Setenta perante uma realidade que
desconhecia totalmente. Tive de recorrer a enormes períodos de reflexão,
ponderando tudo o que me aparecia de novo e ouvindo todos os que, para mim,
traziam algo de novo.
Seis anos, seis anos
durou esse tempo em que pude verificar, sem que qualquer dúvida no fim me
assaltasse, que aqueles que se importavam comigo e com todos os meus, que era
preciso construir uma sociedade que desse resposta para alcançar esses
objectivos e onde essas respostas se incluíam, esses eram o Partido Comunista Português.
Desde há 35 anos sou militante do PCP, com orgulho que dia-a-dia aumenta
justificadamente. E vou repetir. “Ouvindo
todos os que traziam algo de novo”.
Porque, se a autora do
artigo que desencadeou este meu escrito reflectir na palavra anticomunista de
que tanto se orgulha, eu, considerando-a como considero todo o meu semelhante, devo
dizer que eu não sou anti-seja do que for, nem anti-seja de quem for. Eu
concordo ou discordo. Se necessário, troquemos opiniões e procuremos chegar a
conclusões. Anticomunista é pessoal. E como por sua própria experiência tem o
exemplo, até tem amigos comunistas. Será preferível
anticomunismo. Ou mesmo nos tempos que correm, “defendo o capitalismo”.
Eu não o defendo! Mas
não sou anticapitalista…