RECORDAR PARA MELHOR COMPREENDER

RECORDAR PARA MELHOR COMPREENDER

Bob Dylan: compositor, tocador, cantor e escritor

E por tudo isto é também o primeiro nobel da literatura a receber semelhante distinção no mundo da música. Robert Allen Zimmerman, é o seu nome de nascença, mas desde cedo quis ser Bob Dylan em homenagem ao poeta Dylan Thomas, de quem devorava todos os poemas que dele apareciam. De Minnesota deu o salto para Nova Yorque onde conheceu o cantor-activista Woody Guthrie. Cantou-o até mais não e aos poucos entrou no estilo dos blues e do folk. Como ele próprio afirmou "quem quer compor canções deveria escutar tanta música folk, estudar a sua forma e estrutura e todo o material que existe desde há 100 anos". A Academia Sueca concedeu a distinção ao músico “por ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição americana da canção”. E bem pode dizer-se que está certa a academia pois é o mesmo Bob Dylan que se gosta de ver pertencente a uma irmandade de escritores cujas suas raízes estão no country puro, no blues e na estirpe folk de Guthrie, da família Carter, Robert Johnson y dezenas de "baladistas" escoceses e ingleses.

Marsuilta associa-se à distinção da academia sueca e traz à memória letras de várias canções de Bob Dylan, bem como uma entrevista que concedeu em 2004 e ainda outros link´s onde se pode conhecer o mundo de Dylan. Enquanto dele se escreve, ele continua a dar concertos e a escrever diariamente, um hábito que guarda desde há muito tempo.

http://elpais.com/diario/2004/05/01/babelia/1083366381_850215.html?rel=mas

http://bigslam.pt/noticias/homenagem-do-bigslam-ao-vencedor-do-premio-nobel-de-literatura-de-2016-bob-dylan/

http://cultura.elpais.com/cultura/2016/10/13/actualidad/1476381455_398709.html

http://observador.pt/especiais/bob-dylan-esta-do-lado-certo-da-historia/

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ACONTECE, ACONTECEU OU VAI ACONTECER



Ciclo de cinema no CCB - Lisboa

Próximos filmes: 18 março O LEOPARDO Luchino Visconti (1963)
14 abril OS DEZ MANDAMENTOS Cecil B. DeMille (1956)
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Carlos Paredes - Evocação e Festa da Amizade

Esta evocação realiza-se no dia 19 de Fevereiro, pelas 15 horas, na Salão d' A Voz do Operário, em Lisboa e é organizado pela Associação Conquistas da Revolução.

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Tertúlias em Ciência

Céu e Mar "Making of", acontece no dia 15 de fevereiro, pelas 17 horas (C4.piso3).

Esta sessão promovida pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem a responsabilidade organizativa de Pedro Ré.

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Vanguardas e neovanguardas na arte portuguesa - Séculos XX e XXI. esta é a nova exposição que está patente de terça a domingo no museu nacional de arte contemporânea, em lisboa.

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XXI Exposição de Pintura e Escultura

Esta exposição que mostra obras de vários artistas de arte contemporânea portugueses vai decorrer no Clubhouse do Golfe, nos dias 11, 12 e 18 e 19 de Fevereiro, aos sábados e domingos, das 12h00 às 20h00. A organização está a cabo do Belas Clube de Campo, do Banco Populare a daPrivate Gallery .

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terça-feira, 26 de abril de 2016

25 de abril sempre

sair à rua e gritar bem alto 25 de abril sempre. gritar alto para recordar e para lutar por aquilo que se perdeu. foram muitos milhares em lisboa e outros tantos no porto que gritaram o 25 de abril, comemorando-o efusivamente. viva a liberdade, viva a sua luta e viva o portugal de abril.

 
 
 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

é ler as palavras de chico buarque...

não são muitas as palavras, nem simpáticas, as que chico buarque escolheu para se referir à situação actual do brasil. lê-las é fundamental porque elas são sábias, ao dizerem quase tudo do contexto do momento no brasil.

sábado, 9 de abril de 2016

os porquês que explicam a tentativa de derrube de dilma rousseff

temos apresentado por diversas vezes textos que tentam esclarecer a situação actual do brasil, com o chamado impeachment ( processo constitucional ou impugnação de mandato da presidenta dilma rousseff). desta vez apresentamos a reflexão rigorosa de anabela fino, que como se costuma dizer conta a história desde o seu início e daí vai desenrolando o novelo.


Anatomia de um golpe



Para se perceber o que está a acontecer no Brasil torna-se necessário esclarecer um conjunto de questões referidas amiúde sem a necessária contextualização, o que contribuiu, de forma mais ou menos deliberada, para confundir a opinião pública e a que se tome como igual o que é diferente.


Aparentemente tudo começou com a operação Lava Jato, a investigação judicial que pôs a nu um mega esquema de corrupção envolvendo altos quadros da petrolífera brasileira Petrobras, grandes empresas da construção civil, empresários e políticos brasileiros. As denúncias envolvem o Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), de Michel Temer, actual vice-presidente; o Partido Progressista (PP), de Paulo Maluf ; o Partido dos Trabalhadores (PT), que desde 2003 detém a presidência do país, primeiro com Lula da Silva e depois com Dilma Rousseff; e políticos de diversos partidos, como é o caso de Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Os dados vindos a público até ao momento – e as denúncias dos entretanto condenados a troco da remissão das respectivas penas – apontam para a existência de uma vasta rede de corrupção que ultrapassa em muito o esquema montado entre a Petrobas e a empresa química e petrolífera Braskem, uma subsidiária da Organização Odebrecht que actua nos sectores de engenharia, infra-estruturas, indústria, energia, transportes e meio ambiente, e que através das suas estruturas sediadas em paraísos fiscais, como a Suíça e outros, pagava «luvas» aos facilitadores dos seus (altamente) lucrativos negócios. Após a condenação de Marcelo Odebrecht a 20 anos de prisão, a Organização decidiu divulgar a sua lista de «pagamentos» que não tem nada a ver com o financiamento legal dos partidos, o que está a provocar nova onda de escândalos.
 
 
A situação no Brasil precipitou-se, no entanto, a partir das eleições de 2014 que opuseram Dilma Rousseff e Aércio Neves, ganhas pela candidata do PT com uma margem de 3,4 por cento dos votos. A direita, que durante a campanha instrumentalizara a seu favor o descontentamento popular provocado pela crise económica que já se fazia sentir e pelos cortes na despesa e subida de impostos, não perdoou a derrota. Mais, ao perceber que se perfilava no horizonte a possibilidade de Lula da Silva poder voltar ao poder em 2018, passou a apostar na descredibilização de Lula e de Dilma Rousseff, com o apoio da imprensa dominada pelo grande capital – com especial destaque para o império da Globo – e de sectores do aparelho judicial que há muito perdeu de vista o princípio basilar da presunção de inocência e lavra na praça pública as sentenças que deveriam ser ditadas nos tribunais.
 
Desenrolando o novelo


O processo político iniciado em 2003 com o governo Lula e prosseguido no primeiro mandato de Dilma, apesar de não ter conseguido alterar a estrutura do aparelho do Estado, não ter tocado no poder económico de forma significativa, não ter avançado com a reforma agrária e de ter recuado nas tímidas tentativas para regulamentar o imenso poder dos media, foi visto desde a primeira hora como uma séria ameaça aos interesses do imperialismo e das forças reaccionárias, que também nunca aceitaram a política de aproximação e integração nos processos progressistas em curso na América Latina e no âmbito dos países emergentes (BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), fora do domínio dos EUA, Enquanto milhões de brasileiros saíam da miséria graças aos programas sociais, a direita encolheu as garras à espera da sua oportunidade. A hora do acerto de contas chegou com as eleições de 2014. Cavalgando os efeitos da crise de que são os principais fautores – aumento do desemprego, subida da inflação, degradação das condições de vida, cortes drásticos nos programas sociais –, as forças mais à direita na coligação governamental, sabotando por dentro o governo de que faziam parte, decidem jogar tudo por tudo na subversão constitucional, ou seja, destituir a presidente num processo político que configura um verdadeiro golpe de Estado. É aí que surge o processo de impeachment em curso, deliberadamente amalgamado com o caso Lava Jato, sem que Dilma Rousseff tenha sido acusada de qualquer crime.


Sobre esta matéria, convém esclarecer:


1 – o pedido de impeachment [processo constitucional de impedimento ou impugnação de mandato] de Dilma Rousseff nada tem a ver com a Operação Lava Jato ou com o combate à corrupção. Os detractores da presidente acusam-na de «pedalada fiscal», o que entre nós pode ser designado por «criatividade contabilística» de forma a não comprometer as contas do governo. A prática, generalizada, ainda que criticável nada tem a ver com corrupção. Vários especialistas na matéria têm feito notar que «as pedaladas não caracterizam o crime de responsabilidade fiscal porque não houve qualquer prejuízo para o erário. As pedaladas configuram um artifício contabilístico, mas o dinheiro não sai dos cofres públicos, então não ficam caracterizados os crimes de apropriação indevida ou desvio de recursos», como afirmou recentemente o reputado jurista Dalmo Dallari;


2 – Cabe ao presidente da Câmara dos Deputados avaliar se a denúncia visando o impeachment é válida; em caso afirmativo, tem de apresentá-la no plenário da Câmara de Deputados, que a encaminha para uma comissão formada especialmente para o efeito. Ouvidas as partes, a Câmara apresenta um parecer sobre o caso. O documento tem de ser votado pelos deputados (513, ao todo), sendo necessários 2/3 dos votos (342) para o processo de impeachment começar efectivamente. Uma vez aprovado o pedido de abertura do processo, este passa para o Senado, a quem cabe o julgamento propriamente dito. Em casos de crime comum, o processo é julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Quando o Senado instaura o processo, o Presidente da República é automaticamente afastado de funções. É necessário que três quintos dos senadores votem a favor do impeachment para que ele seja condenado;


3 – Os crimes de responsabilidade que podem levar ao impeachment estão previstos pela lei, de forma taxativa, pelo que é inconstitucional decretá-lo sem ser provada a ocorrência de tais crimes. É por isso que cabe ao STF, enquanto guardião da Constituição, o dever constitucional de impedir ou declarar a nulidade de qualquer impeachment recebido pela Câmara ou decretado pelo Senado que não preencha os requisitos legais que tipificam os crimes de responsabilidade;

4 – O responsável condenado em processo de impeachment, para além de ser afastado do cargo, pode ainda ficar inelegível por um período que vai até oito anos. Em caso de impeachment do Presidente da República, o cargo é automaticamente assumido pelo vice-presidente (no caso, Michel Temer, do PMDB). Se este também não puder exercer o cargo, quem assume temporariamente é o Presidente da Câmara dos Deputados (Eduardo Cunha, igualmente do PMDB), pois será necessário convocar novas eleições: directas, num prazo de 90 dias, caso o impeachment ocorra nos primeiros dois anos de mandato do Presidente, e indirectas, por votação do Congresso, num prazo de 30 dias, se o impeachment ocorrer nos dois últimos anos do mandato. Em qualquer dos casos, quem assumir o cargo apenas cumprirá o mandato de quem o antecedeu.

Feito o esclarecimento do processo, cabe acrescentar o que disse sem rebuços o senador e ex-candidato presidencial José Serra, que a semana passada esteve em Portugal a participar num seminário dito de «direito» mas que foi de facto de direita: «Nunca acreditei que a Dilma possa perder o mandato por culpa da crise, o que ocorre no nosso país é que o sistema político impede uma mudança de governo sem traumas. Historicamente, as mudanças presidenciais foram por suicídio, renúncia, deposição ou impeachment. O sistema presidencialista não permite outros. O impeachment, portanto, é um recurso político com decorrências jurídicas». Aí está a assumpção do processo político, ou seja, do golpe.


Não por acaso, o juiz do STF Marco Aurélio Mello veio a público na semana passada dar razão a Dilma, ao afirmar que «impeachment sem crime de responsabilidade é golpe», o que é visto como um aviso de que cabe ao Supremo avaliar da legalidade constitucional do impeachment.


 
 

quinta-feira, 7 de abril de 2016

falta ainda muito por dizer dos " panama papers"

nesta teia imensa das offshores há ainda muito que se esconde e que não interessa os media divulgarem ou explicarem. a preocupação parece ser apenas a divulgação e conhecimento dos envolvidos, esquecendo o mais importante que é saber como todo o mecanismo funciona, qual o histórico destes paraísos fiscais, o que neles está implicado, que medidas não têm sido feitas para acabar com eles. marsuilta apresenta mais uma explicação, mais um outro lado da questão, a cargo do jornalista joão ramos de almeida, editada no blog ladrões de bicicletas.

Um pouco do que os "Panama Papers" não disseram...

Tenho tido discussões sobre a "enorme fuga de informação", nomeada como "Panama Papers". O meu espanto foi descobrir que o Expresso publicou - sem se espantar - uma nota do consórcio internacional de jornalistas de investigação em que os "maus da fita" eram - apenas - aqueles que são, sobretudo, os principais inimigos dos Estados Unidos ou que estejam ao largo do mundo ocidental.

Exagero? Vejam a primeira notícia e sigam as pessoas ou entidades cujos nomes são concretizados: Ele são "pessoas próximas do presidente russo Vladimir Putin", "os PM da Islândia e do Paquistão, o rei da Arábia Saudita e os filhos do presidente do Azerbeijão", "patrões da droga mexicanos, organizações terroristas como o Hezbollah ou países como a Coreia do Norte e o Irão", uma empresa que "forneceu combustível para os aviões que o Governo sírio usou para bombardear e matar milhares de cidadãos, de acordo com uma acusação formal feita pelas autoridades dos Estados Unidos", contas ligadas "à família do presidente da China, Xi Jinpin", "do presidente ucraniano Petro Poroshenko". Acho que a única ligação ao ocidente é o "falecido pai do primeiro-ministro britânico David Cameron, um líder do movimento que quer reformar os paraísos fiscais"...

Mas eis que já surgem explicações sobre o enviesamento feito pelo dito consórcio de jornalistas. Um enviesamento estranho já que, como toda a gente sabe, foi o ocidente que esteve na origem dos offshores, beneficia da sua existência e apenas se mantêm porque os G20 nada querem fazer para acabar com eles.

Há 80 paraísos fiscais oficiais. São praças que ajudam 60 milhões de pessoas no mundo inteiro, através de 3,5 milhões de companhias de papel, milhares de bancos e companhias de seguros de refúgio, mais de metade dos barcos comerciais registados acima de 100 toneladas e dezenas de milhares de subsidiárias de refúgio para os maiores bancos do mundo, firmas de contabilidade e energia, de software, tráfico de drogas ou negócios de defesa. Mas o interessante é que essa gestão mundial é feita pelos principais grupos financeiros internacionais que lhes garantem o acesso, através dessas redes de refúgio, aos investimentos nos mercados seguros e estabilizados do primeiro mundo. A Tax Justice Network, uma rede criada em 2003 ligada ao Parlamento britânico, estima que os 50 principais bancos internacionais — com nomes conhecidos e respeitados como UBS, Credit Suisse, Goldman Sachs, Bank of America e Deutsche Bank, para citar os primeiros cinco — gerem e controlam mais de 12000 milhares de milhões de dólares, ou seja, mais de metade do total investido em paraísos fiscais. E que esse domínio tem vindo a crescer, já que, em 2005, a quantia era de apenas 5400 milhares de milhões.

Mas sempre foi assim. Regresse-se, por exemplo, aos anos 20, após a Grande Depressão.


Durante esse tempo, em que bancos ruíram, linhas de crédito secaram e os governos optaram por políticas rígidas de “dinheiro seguro”, tudo isso propiciou a “reciclagem” de dinheiro conseguido em actividades ilegais.

O crime expandiu-se para o jogo e para a droga e a organização criminosa precisou de criar o seu próprio sistema financeiro. Desde que, em 1931, a Internal Revenue Service (IRS), nos Estados Unidos, conseguiu apanhar Al Capone, essa necessidade tornou-se premente. E a alternativa baseou-se em praças financeiras conhecidas.

Esses fluxos são, por exemplo, descritos por R.T. Taylor, um professor Universidade McGill, de Montreal, formado pela Universidade de Toronto, London Scholl of Economics e King’s College de Cambridge. No seu famoso livro Hot Money (1987), fala-se como em 1932, Meyer Lansky, aliado de Al Capone, levou a sua primeira remessa para a banca suíça, para criar uma conta bancária em nome do governador do Luisiana que tinha autorizado o empório das slot-machines. E que a partir daí esse foi o trajecto habitual dos dinheiros ilegais. Uma parte seguia pelo norte, via Canadá.

Mas sobretudo nos anos 50/60, a maioria dos fluxos passou a seguir via sul, através de Miami, ou Bahamas, para serem localmente depositados ou transferidos para a Suíça, às vezes com passagem também pelo Liechtenstein. A partir daí, poderiam voltar “lavados” para os Estados Unidos. Assumiam a forma de falsos empréstimos a Lansky, cujos juros pagos — por Lansky — tinham a vantagem de abater lucros das actividades reais.

 Os centros financeiros europeus envolveram-se, entretanto, nesse refúgio de dinheiro fugido e de lavagem de dinheiro sujo. A neutral Suíça aproveitou-se bastante da II Guerra Mundial para expandir a sua actividade. O Mónaco recebeu muitos dos tesouros de França e da Itália. Andorra sempre serviu o tráfico de mercadorias e o dinheiro de Espanha e França. As ilhas do Canal da Mancha fizeram o mesmo com a Grã-Bretanha e o continente. O Luxemburgo — que em 1935 publicara as leis de sigilo bancário à luz do regime suíço — abriu os seus cofres aos dinheiros belgas, recebeu montanhas de ouro vindas de Espanha na década de 60 e, na década de 70, protegeu os altos rendimentos de quem trabalhava no Golfo. O próprio centro offshore do Vaticano — concedido por Mussolini em 1929 para legitimar o seu regime e reforçado em 1942 —- abençoou os capitais em fuga da Itália. O Liechtenstein surgiu depois da I Grande Guerra e — após quebrar os seus laços com a Áustria — uniu-se à Suíça, com uma união parcial da moeda e alfândegas. Foi lá que foram criadas as anstalt, sociedades unipessoais, protegidas pelas leis do secretismo mais apertadas do mundo, muito usadas depois pelos serviços secretos dos dois lados da Guerra Fria, bem como África do Sul e Israel.

A partir dos anos 60/70, por necessidade de proximidade dos interesses ilegais envolvidos ou por concorrência, os centros europeus foram imitados por inúmeras localidades que se transformaram, posteriormente em respeitáveis paraísos fiscais. Muitas surgiram após a revolução cubana pós-1959, que fechou o império dos negócios de Lansky no jogo e nas drogas. O ditador cubano Fulgencio Batista foi para Miami com o dinheiro suíço de Lansky. O triste desfecho da Baía dos Porcos, com a tentativa da CIA de derrubar Fidel Castro em 1961, obrigou a repensar alternativas à retoma de Cuba. Tanto para o crime organizado, como para a política externa dos Estados Unidos.

Foi o caso das Bahamas, onde estavam muitas das operações de investimento no estrangeiro. As lutas políticas pelo poder nessas localidades – em muitos casos ligadas a interesses da política externa norte-americana – apoiaram-se muitas vezes em dinheiros sujos que tinham contrapartidas com a abertura por exemplo do jogo legal. Datam dos anos 1960/70 diversas tentativas de subornos de governos locais, muitas vezes associados a redes mafiosas ou camuflados em apoios à rebelião contra colonizadores britânicos, para a criação de monopólios de negócios, isentos de impostos (Haiti, República Dominicana, ilha de Tonga, Vanuatu, Monserrat, Dominica, etc.). Ou mesmo apoiadas pelo FMI para a criação de centros que pudessem receber os capitais em fuga dos países intervencionados pelo FMI (ilhas Caimão).

terça-feira, 5 de abril de 2016

o que está por detrás dos papéis do panamá?

há dois dias que os medía nos invadem com nomes, países e fortunas, é o escândalo panama papers, na ordem do dia. em grandes parangonas o nome de vladimir putin aparece em tudo o que é medía, embora o seu nome não seja citado, só próximos seus. e hoje também Cameron veio à tona. nos países temos a china, a áfrica do sul e muitos dos que formam a brics. o espanto ou talvez não é que dos eua nada. mas não devemos esquecer que os eua invadiram em 1989 o panamá e prenderam e deportaram o presidente deste país, manuel noriega, a pretexto da acusação de envolvimento no tráfico de droga. e devemos saber que o
jornal que recebeu o vazamento, o süddeutsche zeitung, foi o primeiro a receber da administração militar norte-americana na bavária uma licença de circulação na alemanha após a segunda guerra mundial; e também que o consórcio internacional de jornalistas investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), é financiado pela norte-americana center for public integrity (CPI) – que incluem a fundação ford, a fundação carnegie, o fundo da família rockefeller, a fundação W.K. kellogg e a fundação open society (criada por ninguém menos que george soros).
 
para melhor esclarecimento desta questão marsuilta apresenta um artigo retirado de http://www.vermelho.org.br/noticia/278759-9
 
 
Muito de Brics, nada de EUA nos "Panama Papers
 
Apesar de não figurar na lista da Mossack Fonseca, o nome do presidente russo Vladimir Putin estampa as manchetes de grande parte da mídia corporativa ocidental nesta segunda-feira (4). Apesar dos 11,5 milhões de registros vazados, não há uma referência sequer a empresas dos EUA. O que está de fato em jogo no suposto “maior vazamento” da História?
O jornal que recebeu o vazamento, o Süddeutsche Zeitung, foi o primeiro a receber da administração militar norte-americana na Bavária uma licença de circulação na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial.
A publicação relata detalhadamente a metodologia que a mídia corporativa usou para pesquisar os arquivos vazados pelo escritório panamenho de advocacia, e revela que a principal categoria de busca foi orientada para nomes associados a regimes submetidos a sanções da ONU.
O jornal The Guardian relata a mesma informação e menciona, especificamente, o Zimbábue, a Coreia Popular, a Rússia e a Síria.
Um rápido relance evidencia bem rapidamente que a filtragem midiática das informações vazadas segue uma agenda governamental direta do Ocidente. Não há menção alguma à contratação dos serviços da Mossack Fonseca por parte de grandes corporações ou bilionários ocidentais.
A aparição do primeiro-ministro britânico David Cameron nos Panama Papers, longe de ser exceção, acontece no momento em que ele prepara um referendo de saída de seu país da União Europeia, o que desagrada boa parte da Europa ocidental e, particularmente, a Alemanha.
A seletividade das informações publicadas não é nada surpreendente, porém, dado que o vazamento está sendo gerido pelo pomposamente autodenominado "Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos" (ICIJ, na sigla em inglês).
Trata-se, na verdade, de uma entidade financiada e organizada inteiramente pela organização norte-americana Center for Public Integrity (CPI) – “Centro para a Integridade Pública”, cujos financiadores incluem a Fundação Ford, a Fundação Carnegie, o Fundo da Família Rockefeller, a Fundação W.K. Kellogg e a Fundação Open Society (criada por ninguém menos que George Soros).
Ou seja: como advertiu o ex-embaixador britânico Craig Murray ainda no domingo (3), “não espere uma verdadeira exposição do capitalismo ocidental. Os segredos sujos das corporações ocidentais permanecerão inéditos”.
A mídia corporativa (…) tem acesso exclusivo ao banco de dados que você e eu não podemos ver. Eles estão se protegendo de até mesmo olhar as informações confidenciais das corporações ocidentais olhando apenas para os documentos levantados por buscas específicas, como violadores das sanções da ONU. Nunca se esqueça de que o Guardian destruiu suas cópias dos arquivos Snowden por instrução do MI6”, observou Murray.
Os Panama Papers não citam o nome de Vladimir Putin: implicam pessoas próximas ao presidente ligadas a cerca de US$ 2 bilhões escondidos em paraísos fiscais. Apesar disso, o rosto de Putin estampa nesta segunda-feira a maior parte das capas dos grandes jornais do Ocidente, o que não é exatamente uma prática incomum. Segundo reitera o Kremlin, a demonização do presidente russo é uma das facetas mais corriqueiras da estratégia midiática de poder usada pelos EUA e seus aliados a fim de enfraquecer o projeto russo de um mundo multipolar.
Além de focar em Moscou e ignorar as corporações norte-americanas, o escândalo do dia também mira o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que está sofrendo um processo de impeachment em seu país por supostamente ter usado dinheiro público para reformar sua residência particular.
Além da Rússia e da África do Sul, a lista vazada dos clientes da Mossack Fonseca que teriam empresas offshore não declaradas também implica altos membros do governo chinês, bem como uma série de companhias transnacionais indianas e figuras políticas e empresariais do país.
Por fim, completando o Brics, o Brasil também figura fortemente na relação do ICIJ, com nomes como Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa e dezenas de outros envolvidos na Operação Lava Jato (e não, Lula não está na lista).
Observe que o vazamento não tem uma empresa norte-americana sequer, nem um figurão (que eles chamam de power player), mas em todos os lugares tidos como ‘problemáticos’ pela diplomacia americana aparecem citados, especialmente nos Brics. Ou este pessoal dos Estados Unidos usa outras offshore ou são extremamente honestos desde o ano de fundação da Mossack&Fonseca, em 1977. Não é estranho, nenhuma citação sequer? A pulga está atrás da orelha…”, escreve o jornalista Ricardo Costa, no Viomundo.
Não se trata de teoria da conspiração. Basta ver o que a mídia controlada pelas grandes corporações estrangeiras não quer que você veja. Fonte: Sputnik
 
 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

o povo saiu à rua no brasil num viva à democracia

antes de 31 de março havia quem escrevesse que tinha chegado a hora, precisamente tinha escrito que muito do que acontecerá no Brasil nos próximos dias, meses e anos refletirá a abrangência das mobilizações que devem tomar as ruas do país nesta 5ª feira, 31 de março de 2016. O destino da nação e a destinação do seu desenvolvimento dependem de cada metro quadrado ocupado nas ruas, praças e avenidas nas próximas horas. Quando a história destes dias for contada, o registro da memória progressista não pode ser a omissão. foi assim que saul leblon escreveu no site carta maior e que marsuilta faculta aqui: http://cartamaior.com.br/?/Editorial/A-hora-chegou-e-hoje-e-e-na-rua/35838. e depois da simbólica data de 31 de março, 52 anos depois do golpe, agora foram milhares e milhares de pessoas que saíram à rua precisamente para que novo golpe não aconteça, numa resposta do povo brasileiro, que não esquece as suas memórias e sabe o que os golpistas defendem a todo o custo. marsuilta deixa a crónica comovida de geovanni medeiros, militante do PT.

 

Em todo o país foram realizados atos contra o golpe, em defesa da democracia e por uma nova política econômica.

Fiquei contente. Milhares de lutadoras e lutadores do povo foram às ruas de todo o Brasil. Trabalhadores do campo e da cidade, a enérgica juventude, artistas e intelectuais progressistas marcharam em defesa da democracia nesta simbólica data de 31 de março, no qual os golpistas, precisamente há 52 anos, viravam a madrugada ceifando a democracia. A roda viva da história nos traz defronte ao golpismo novamente – com aparência de legalidade, nesta e naquelas circunstâncias.

Cientes do risco iminente de retrocesso e derrota, amplos setores da esquerda e da classe trabalhadora mobilizam-se. Nas últimas semanas formaram-se centenas de comitês em defesa da democracia nas universidades, locais de trabalho e moradia, ocorreram atos político-culturais do teatro, da música e da literatura, bem como as massivas manifestações nos dias 18 e 31 de março.


Ainda inebriado pela calorosa festa da democracia e, portanto, com o otimismo da vontade acima do pessimismo da razão, conjecturo que a progressiva energia da resistência poderá derrotar o golpismo e, mais do que a defesa da democracia burguesa e do “Estado Democrático de Direito” que a situação defensiva condiciona, produzir uma saída à esquerda para a crise, no caminho das reformas estruturais e do socialismo. Há léguas a nos separar, é verdade, mas este é o navegar necessário, pois o capitalismo no Brasil não convive harmonicamente com democracia, bem-estar social e soberania nacional.
Como nos disse Chico Buarque, autor do verso que intitula e inspira este texto, em discurso comovente no ato do Rio de Janeiro: “não, de novo não. Não vai ter golpe!”. Viva a luta do povo brasileiro!

texto original em :http://www.pagina13.org.br/lutas-e-direitos/foi-bonita-a-festa-pa/#.VwJos2yFPmI

para ver o diário do golpe até agora montado clique aqui: http://www.cartamaior.com.br/?/Especial/Diario-do-Golpe/212